DJ Tudo e Joe Strummer: discos que nos revigoram em tempos difíceis

Dois lançamentos movimentam a semana e oferecem algo valioso: boa música. Começo falando sobre o disco Pancada Motor – Transformação e Cura, que reúne produções do artista DJ Tudo elaboradas entre 2014 e 2019. Para quem não o conhece, DJ Tudo é um pesquisador de cultura popular, seus discos são fruto de viagens nas quais ele percorre diferentes regiões, do Brasil e outros países, em busca de artistas locais com quem grava e elabora seus discos. Trata-se de um trabalho que pensa o popular como um espaço criativo sem fronteiras ou delimitações, um lugar de encontros diversos. Daí vem a riqueza de sua obra que promove encontros sonoros inesperados, a exemplo da faixa Alegria, que reúne artistas populares da cultura baiana de barreiras (de Coruripe, Alagoas) com um virtuoso guitarrista que mora em Paris. DJ Tudo publicou uma live com o disco na íntegra, na qual ele comenta o disco faixa a faixa. Confira aqui.

Outro lançamento ocorrido nesta semana é o álbum Assembly, que reúne registros ao vivo de Joe Strummer (ex-Clash) e seu grupo the Mescaleros. O trabalho traz inclusive registros inéditos como a versão acústica de Junco partner, entre outros clássicos gravados ao vivo que resgatam o repertório do Clash – como I fought the law e Rudie can’t fail. O disco também apresenta versões ao vivo de canções que marcaram a carreira solo de Joe e registros de faixas que produziu com os Mescaleros. Assembly resgata a obra de Joe ao apresentar ao público canções que representam diferentes momentos de sua carreira, trabalhos que têm em comum a capacidade do artista em organizar diferentes referenciais rítmicos e culturais, muito além do rock britânico, uma trajetória de aproximações com a música jamaicana, o hip hop, a percussão africana etc. Trata-se de uma sensibilidade artística de experimentar e tomar rumos inesperados, enriquecedores.

O álbum pode ser conferido aqui:

Há também um vídeo divulgado hoje que ilustra a faixa I fought the law:

DJ Tudo e Joe Strummer possuem trabalhos que mobilizam diferenças e alteridade, algo que nos revigora em tempos difíceis em que é preciso manter distância das pessoas, mas sobretudo porque são obras que se colocam em oposição a certos discursos xenófobos e preconceituosos que ganharam força nos últimos tempos.

Joe Strummer e a diversidade musical

“O convite é, então, tomado como fenômeno da diferença – que, para mim, decorre de um acontecimento – que provoca, ao mesmo tempo, ruptura, apelo e invocação de alteridades livres” (Wladimir Garcia, UFSC)

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No último dia 21 de agosto Joe Strummer completaria 65 anos. O líder do Clash e do Mescaleros geralmente é lembrado por seu legado denso, altamente produtivo: ajudou a fundar o movimento punk, lançou discos importantes à frente do Clash e por fim vivenciou uma virada sonora mergulhando no experimentalismo do Mescaleros. Esse trajeto criativo traz à tona um aspecto interessante, inerente à sua obra: a diversidade musical.

Joe parece ter sempre assumido uma posição de fronteira, ou seja, fora de qualquer estabilidade que pudesse delimitar seu trabalho. O fato de ser filho de diplomada e pertencer a uma classe média específica no contexto britânico não definiu sua trajetória – movimento contrário ao habitus conceituado por Bourdieu. Muito pelo contrário, Joe, ao produzir linguagem musical assume uma diversidade radical e convida o ouvinte que acompanha a seu trabalho a experimentar tal fruição – inclusive o artista valoriza o aparelho rádio, como se uma transmissão global pudesse espalhar sua mensagem. O nascimento em Ancara (Turquia) foi apenas um de muitos agenciamentos globais que atravessaram Joe e o posicionaram em um campo de alteridade sonora, capaz de enfrentar os enquadramentos da indústria fonográfica, que necessitam de padronizações.

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Essa diversidade começa na abertura do Clash ao reggae, ska, dub, hip hop e música afro-caribenha, do álbum homônimo ao Combat Rock (ver discografia!), e o grupo valoriza textos originados no Terceiro Mundo, ressignificados por meio de uma ética artística que celebra o encontro, o convite a mistura. Essa linguagem musical ocorre porque há uma práxis. A obra do Clash é nômade, não possui território fixo, suas canções (manifestos?) funcionam como uma máquina de guerra (usando aqui um termo de Deleuze e Guattari) que desafia a narrativa institucional (o estado) da música pop, centralizada no chamado Ocidente (eixo Europa/Estados Unidos).

No aniversário de Joe Strummer proponho celebrar a diversidade. Se há um poder que procura padronizar vidas, corpos e gostos (consumo!), encontramos também artistas que escapam a essas disciplinas. A seguir alguns momentos em que Joe propôs uma diversidade radical, no Clash e no Mescaleros.

“#Internationalclashday”: a transmissão-manifesto da rádio KEXP

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A celebração da quinta edição do International Clash Day, idealizado pela The Joe Strummer Foundation – organização que realiza projetos sociais vinculados à música, e dá suporte a músicos que não possuem recursos, fundada por Joe Strummer, líder do Clash –, ganhou apoio da KEXP Radio nesta terça-feira (7). A adesão da emissora às homenagens prestadas ao grupo britânico The Clash ocorre em um momento político muito delicado, sobretudo para os norte-americanos (Trump), bem como outros focos da ascensão conservadora no mundo.

A programação que foi a ar hoje celebrou o Clash e grupos relacionados à temática da banda (questões políticas, vertentes do pré-punk e do punk rock e valorização da diversidade sonora). Juntaram-se à transmissão da emissora vinte estações, localizadas nos Estados Unidos, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Reino Unido.

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Em uma corajosa transmissão-manifesto, a KEXP justificou da seguinte forma a sua programação especial, inspirada no legado de Joe e seus correligionários:

“The message of The Clash, so influenced by the international sounds they grew up with, is both powerful and uplifting especially now in this time of struggle”, disse o locutor John Richards, durante o KEXP Morning Show ao apresentar a ideia do International Clash Day. E em seguida completou: “The Clash represents what KEXP is all about – music, rebellion, and pushing boundaries. KEXP is infused by international sounds, songs of protest and believe strongly in the power of the airwaves to affect change. That is why we are focusing on these three important pillars throughout the day. KEXP invites everyone to join us in celebrating this inclusive ‘public service announcement, with guitars”.

Intertextos na mídia

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Na mesma semana, a cantora Lady Gaga subiu ao palco do midiático Super Bowl e no início de sua performance mandou um trecho de “This Land Is Your Land”, de Woody Guthrie. Ao aproveitar o espaço no megaevento para citar Guthrie – músico que foi crítico notório do conservadorismo – a artista automaticamente se colocou em oposição ao atual presidente.

Outro dia uma amiga dizia que em tempos difíceis devemos nos apegar aos autores que admiramos, eu colocaria os músicos no mesmo patamar de importância. Seja na transmissão-manifesto da KEXP Radio ou na brecha encontrada pela cantora Lady Gaga, a música funciona como alternativa comunicacional que valoriza vozes divergentes.

Resumo musical

O Blur e a inédita “There Are Too Many of Us”

O ícone britpop Blur lança no próximo dia 27 de abril o álbum The Magic Whip – após 12 anos, sim, faz um tempão. Nesta semana a banda liderada pelo criativo Damon Albarn divulgou o vídeo do segundo single do próximo trabalho do grupo, a canção “There Are Too Many of Us” – a primeira faixa divulgada do novo trabalho foi “Go Out”. O clipe é simples, mostra o Blur em um ambiente de estúdio, mas a canção é bem boa.

Johnny tocando Depeche Mode. Agora tem clipe

Este blog divulgou a incrível versão feita pelo competente Johnny Marr para a também incrível “I Feel You”, do grupo Depeche Mode, na última sexta-feira (13). Pois bem, nesta semana o guitarrista, eterno responsável pelos riffs mágicos dos discos dos Smiths, divulgou o vídeo que ilustra a canção (versão). Lembrando que: o lado b do single I Feel You será a canção “Please Please Please Let Me Get What I Want”, cujo lançamento está previsto para 19 de abril. Anos 80 em estado puro.

Documentário sobre Joe Strummer estreia em Londres

Joe “The Clash” Strummer visita a Espanha em 1997, concede entrevista para uma rádio local e diz estar em busca de um Dodge perdido. Essa é a temática que conduz o documentário I Need A Dodge!, documentário lançado neste mês sobre o lendário músico, morto em 2002. A pré-estreia ocorre no próximo dia 25 de março, em Londres, durante uma festa que irá reunir Charlie Harper (UK SUBS), Wayne Kramer (MC5), Rachid Taha, Martin Chambers (Pretenders) e discotecagem do diretor e DJ Don Letts. Apenas. Já que o documentário não tem previsão para chegar por aqui – acho que só vai rolar depois, em DVD, importado – a gente fica com o trailer. Londres chamando!

Alabama Shakes divulga faixa “Future People” e prepara novo álbum

Após o sucesso do disco Boys & Girls (2012), cuja turnê passou inclusive pelo Lolla Brasil, o grupo Alabama Shakes lança em 21 de abril seu segundo álbum, Sound & Color – e nem é preciso dizer que, quando um disco de estreia é bem-sucedido, a expectativa em relação ao segundo sempre aumenta. Nesta semana, o Alabama Shakes divulgou a faixa “Future People”, terceiro fragmento do novo disco disponibilizado para audição na web – a banda já havia mostrado “Don’t Wanna Fight” e “Gimme All Your Love”. Curti a guitarra funkeada, bela canção.

Matanza lança clipe da faixa “O Que Está Feito, Está Feito”

O grupo Matanza lança no início de abril o álbum Pior Cenário Possível, trabalho que traz a assinatura do produtor Rafael Ramos. Nesta semana a banda divulgou o vídeo do single “O Que Está Feito, Está Feito”, que exibe uma série de imagens de estúdio, dialogando com o processo de gravação do álbum. A canção vai integrar o novo trabalho do Matanza, e a sonoridade é um hardcore pesadão dos bons. Aumenta o som aí!

Cinebiografias de músicos que a gente gostaria de ver (algum dia)

Quem não se lembra da belíssima interpretação de Joaquin Phoenix no filme Walk the Line (por aqui, Johnny e June), sobre a trajetória do grande Johnny Cash? Menção honrosa também para Reese Witherspoon, que interpretou June Carter na mesma obra. Cinebiografias têm o poder de transpor para as telas de cinema a vida de artistas que admiramos, fato de extrema importância para malucos por música – quem já foi arrebatado momentaneamente da realidade, após colocar um disco para tocar, sabe muito bem do que estou falando.

Hoje me deparei com uma postagem interessante no site da NME, que trazia sugestões de atores para interpretar roqueiros e artistas da música pop em eventuais cinebiografias. Em vez de especular quem será próximo ministro da Fazenda, a gente fica nessas maluquices – que julgamos importantes (rá!).  Voltando à lista, selecionei algumas possibilidades, lá vai: Scarlett Johansson de Debbie Harry, Lenny Kravitz de Bob Marley (eu curti!), Tilda Swinton de Bowie (haha) e Joseph Gordon-Levitt de Joe Strummer (foto que ilustra este texto) – todos certamente dariam conta do recado.

Tudo bem que a publicação britânica exagerou na dose ao sugerir Jennifer Aniston de Iggy Pop (maldade, hehe) e botou o Alex Turner numa fria ao apontar que o vocalista do Arctic Monkeys poderia interpretar Elvis Presley nas telonas – visualmente é possível, o problema é sotaque inglês que não combina –, mas a viagem rende boas discussões. Eternas discussões.

Confirmados mesmo temos o longa Get on up, cinebiografia de James Brown, com o ator Chadwick Boseman no papel do padrinho do soul, e Andre 3000 interpretando Jimi Hendrix, no filme sobre o lendário guitarrista. Para conferir a lista completa da NME clique aqui. Vale a pena.

O Arcade Fire e sua admiração pelo Clash

 

Desde que surgiu no cenário musical, o Arcade Fire parece estar disposto a experimentar – musicalmente falando, claro. A banda canadense chegou a passar pelo Brasil, ainda pouco conhecida, durante o extinto Tim Festival, em 2005 – ao lado do Strokes. Mas é desde o álbum The Suburbs (2010) que o grupo vem ganhando cada vez mais respeito no cenário musical.

No campo sonoro do Arcade Fire, há lugar para piano, violino, xilofone, teclado, acordeão e harpa. A experimentação é na dose certa e os instrumentos compõem o estilo indie único da banda. Não à toa artistas do nível de David Bowie têm rasgado elogios ao grupo. Em seu trabalho mais recente, Reflektor, o Arcade vai da dance music ao folk de maneira ousada, e dialoga com o Clash dos tempos de Sandinista! (1980).

A menção ao Clash neste texto não tem nada a ver com minha admiração pelo grupo britânico de punk rock, mas pela paixão do próprio Arcade Fire pelo legado da banda liderada por Joe Strummer. Em 2007, o grupo canadense gravou uma versão poderosa para “Guns Of Brixton”, durante um especial na BBC, e nesta semana vazou na web outra homenagem – igualmente linda.

Durante um show ocorrido em novembro, no lendário Roundhouse, Londres – onde o Clash cansou de tocar –, o Arcade Fire tocou o clássico punk “I’m So Bored With The USA”, seguindo à risca a cartilha dos três acordes. Ficou bem boa. Já estou na torcida para que eles toquem a mesma versão por aqui, no Lolla 2014.

 

Clash: do “Sound System” à homenagem do Kurt Vile

 

Membros remanescentes do lendário The Clash organizaram o lançamento do box comemorativo Sound System. A caixa, comercializada em um formato criativo e atraente que lembra um rádio antigo, chegou às lojas oficialmente nesta terça-feira (10). O conteúdo reúne os cinco álbuns gravados pela formação clássica da banda: The Clash (1977), Give’em Enough Rope (1978), London Calling (1979), Sandinista (1980) e Combat Rock (1982).

Além das versões remasterizadas dos discos de estúdio, a caixa ainda traz três CDs recheados de demos, b-sides e singles, um DVD – cujo material é inédito – e o fanzine do grupo, “Armagieon”. Segundo entrevista concedida pelo baixista Paul Simonon à Rolling Stone gringa, a seleção da caixa ficou por conta do guitarrista Mick Jones, enquanto a arte foi assinada por ele (Simonon).

Outra notícia legal sobre o Clash que ganhou espaço na mídia nos últimos dias foi a versão para “Guns of Brixton”, gravada pelo músico norte-americano Kurt Vile – figura famosa no cenário alternativo –, com apoio da banda The Violators (vídeo acima). A releitura ficou “de responsa”.

Menção ao grande Joe Strummer

No último dia 21 Joe Strummer teria completado 61 anos. Infelizmente o coração do líder do Clash decidiu parar de bater em 22 de dezembro de 2002, e deste então, fãs do músico como o autor deste texto, prestam homenagens durante o mês de agosto.

Lembro que no início deste ano tive a sorte de conhecer, em um boteco na Vila Madalena, uma turista italiana, chamada Rita Comi, que me contou uma história interessante sobre Joe. Certa vez, durante um festival de música na Itália, em 1999, ela teve acesso ao backstage. Entre as atrações do evento estava a banda de Joe Strummer, os Mescaleros.

Sim, Rita não só conheceu Joe Strummer como conversou com ele durante horas. Ela disse também que Joe fez questão de apertar as mãos de todos os músicos da banda de abertura e falar com a molecada sem pressa de ir embora. Enfim, uma história emocionante demais para um fã de Clash.

Pegando carona em algumas homenagens legais que rolaram na última semana, como a ótima lista de curiosidades sobre Joe e o Clash, publicada no site da NME, selecionei algumas releituras que bandas legais fizeram para canções do fundamental grupo inglês. Uma singela menção ao grande Joe Strummer.

This is radio box

O box "The Clash Sound System" chega às lojas em 9 de setembro deste ano (Foto: Divulgação).
O box “The Clash Sound System” chega às lojas em 9 de setembro deste ano (Foto: Divulgação).

 

Vez por outra, determinadas lendas da música voltam a ser notícia, mesmo que já tenham ‘pendurado os instrumentos’ há um bom tempo. Na última semana, o anúncio divulgado no site da banda inglesa The Clash, sobre o lançamento do box The Clash Sound System, repercutiu na imprensa especializada – fato de extrema importância para o público do Cultura no Prato.

Organizada pelo baixista Paul Simonon, a caixa irá reunir os cinco álbuns de estúdio da banda–  The Clash (1977), Give ‘Em Enough Rope (1978), London Calling (1979), Sandinista! (1980) e Combat Rock (1982) –, todos remasterizados, e mais três discos com singles, canções raras, demos, b-sides e um DVD com vídeos do grupo, somados a imagens captadas pelos diretores Julien Temple e Don Letts. Além disso, o material terá pôsteres, adesivos e uma versão do fanzine da banda, Armagideon Time.

Os discos e o material ilustrativo serão comercializados dentro de uma caixa no formato de um rádio, desenhada por Simonon, numa clara menção ao colega Joe Strummer – que costumava usar o aparelho como símbolo do alcance global de suas composições. O box será lançado em 9 de setembro e deverá custar US$ 169 (R$ 346).

Uma praça chamada Joe Strummer

Por falar em Clash, o vocalista Joe Strummer foi homenageado na última segunda-feira (20), quando teve seu nome usado para batizar a praça Placeta Joe Strummer, inaugurada na região sul de Granada, na Espanha. A ideia surgiu após a mobilização de fãs nas redes sociais.

A relação de Strummer com a Espanha também é tema do documentário I Need a Dodge! Joe Strummer on the Run, dirigido por Nick Hall. O filme aborda desde o romance do músico com a baterista da banda punk The Slits, Palmolive – que era espanhola –, até o período em que Joe viveu em Granada, pouco antes do fim do Clash.

A seguir você confere os teasers de lançamento do box  The Clash Sound System e o trailer do documentário I Need a Dodge! Joe Strummer on the Run. Enjoy!

 

 

 

Homenagem ao coração espanhol de Joe Strummer

Praça na Espanha será batizada com o nome do ex-líder do Clash
Praça na Espanha será batizada com o nome do ex-líder do Clash

 

“Spanish songs in Granada, oh ma corazón” (“Canções espanholas em Granada, oh meu coração”), disse Joe Strummer em um dos versos da bela “Spanish Bombs” (vídeo abaixo), faixa que integra o álbum clássico do grupo inglês The Clash, London Calling. A menção à Espanha, no entanto, não ocorreu por acaso, nasceu de uma verdadeira relação afetiva entre o músico e o país europeu.

Na última terça-feira (15), segundo o jornal britânico The Guardian, a prefeitura de Granada decidiu homenagear o vocalista do Clash, cuja morte completou dez anos no último dia 22 de dezembro, com praça batizada com seu nome: a Plaza Joe Strummer. “Eles (Clash) falam muito sobre política, a ditadura de Franco e o poeta e dramaturgo Federico García Lorca. Essa é a raiz de seu interesse”, disse ao jornal a porta-voz da prefeitura de Granada, María José Anguita. A ideia, no entanto, foi motivada por uma mobilização de fãs no Facebook.

Apesar da abordagem política ser a grande inspiração do Clash – e nas letras de Joe –, “Spanish Bombs” também pode ser considerada uma canção romântica. Antes de integrar o grupo britânico, Joe Strummer namorou a espanhola Paloma Romero (Palmolive), que anos mais tarde se tornaria baterista da banda punk The Slits. O casal chegou até a morar junto, na Inglaterra. Certa vez, durante uma entrevista, o vocalista disse que o romance com a moça influenciou a canção.

Pouco antes do fim do Clash, em 1984, Strummer viajou à Espanha para refletir sobre a carreira, claramente chateado pelo desmembramento iminente da banda. Sendo assim, a Espanha não foi somente uma inspiração para suas canções, mas um abrigo procurado por Joe Strummer nos momentos difíceis. Com a inauguração da praça, a relação entre o músico e Granada finalmente será eternizada, por meio de uma homenagem bonita e merecida.

Resumo musical da semana

Rateio para um filme sobre Joe Strummer

Um brother simpático chamado Nick Hall esta em busca de ajuda financeira para finalizar um documentário sobre o grande Joe Strummer. Sim, trata-se do famoso esquema de crowdfunding – maneira colaborativa de arrecadar grana, na qual todos podem participar. A ideia do filme surgiu a partir de uma entrevista concedida por Joe, nos anos 90, a uma rádio espanhola. Na entrevista ele faz um apelo aos ouvintes sobre um carro perdido. A partir daí o tal Nick Hall ficou curioso em desvendar o que Joe Strummer costumava fazer em suas passagens pela Espanha, durante os anos 80, época na qual ele ainda liderava o incrível The Clash. O apelo do cineasta e o trailer do documentário você confere a seguir. Caso fique comovido ou curioso pela história – como eu fiquei, hehe –, pode deixar alguns trocados.

 

 

Jack no rap!

O competente Jack White acaba de se aventurar no rap – ou algo próximo de um rap. O fato é que nesta semana o músico lançou o single “I’m Shakin” (ótima canção que integra o discão Blunderbuss), que veio acompanhado do b-side “Blues on Two Trees” – lançado no iTunes e em vinil. Jack White também pretende relançar seu Blunderbuss em uma versão dupla, em vinil, com algumas surpresas, dentre elas, faixas de seu antigo e importante projeto, o White Stripes. Abaixo você confere o (quase) rap “Blues on Two Trees”.

 

Metallica toca Green Day. Sério!

O Metallica saiu em defesa do vocalista do Green Day, Billie Joe Armstrong, na última semana, durante o festival “Voodoo”, em Nova Orleans. O grupo liderado por James Hetfield substituiu o Green Day no line up do evento, já que o grupo precisou cancelar a apresentação por conta do tratamento de reabilitação de Billie Joe – que também provocou o cancelamento de outros shows da banda. Em determinado momento do show, o Metallica tocou um trecho de “American Idiot” (vídeo abaixo) e ainda dedicou ”’Battery” ao vocalista do Green Day, quando Hetfield emendou: “Esta é pro Billie”. Very kind, James.

 

O underground presta homenagem ao Velvet

Nada mais justo. No próximo dia 6 de novembro será lançado um álbum de tributo ao Velvet Underground – banda seminal que influenciou um monte de gente legal, de Sonic Youth a Iggy Pop e por aí vai. O legal disso tudo é que as bandas que irão prestar esta merecida homenagem são grupos que tocam no cenário underground norte-americano, como Ty Segall (vídeo abaixo), The Fresh & Onlys e Thee Oh Sees. Esta última, aliás, fez uma versão barulhenta para “European Son” (clique aqui e faça o download). “É sempre um pouco ameaçando comprometer-se com um material que considero perfeito”, disse o vocalista da banda Thee Oh Sees, John Dwyer, sobre a responsa de tocar Velvet. Detalhe, o disco a ser lançado vai sair em uma tiragem de apenas mil cópias. Cool.  

 

Sábado tem ‘Festival Dosol’ em Sampa

A 9ª edição do Festival Dosol terá uma versão em São Paulo neste ano. No próximo sábado (3), às 19h, o Cine Joia recebe as bandas Orozco, Forgotten Boys, O Terno, Vivendo do Ócio e os suecos do Truckfighters (vídeo abaixo), que fazem um stoner rock dos bons – estilo que o Josh Homme, do Queens Of The Stone Age, adora. Para saber mais sobre o evento, clique aqui.

Raridades de Joe Strummer

 

“É triste, mas já são quase dez anos sem ele”, disse Eddie Vedder emocionado, durante a edição deste ano do festival escocês Of Wight, momentos antes do Pearl Jam executar uma versão para a canção “Arms Aloft”, do ex-líder do Clash.

Se em dezembro deste ano lamentaremos os dez anos sem o grande Joe Strummer, os fãs serão presenteados com algumas raridades do músico, do período no qual ele esteve à frente dos Mescaleros. Os dois últimos discos do grupo, Global A Go-Go (2001) e Streetcore (2003), ganharão versões enriquecidas por b-sides e gravações ao vivo. Material valiosíssimo para os admiradores do músico.

Entre os destaques estão as belas covers de “Rudi, A Message To You” (vídeo acima), do grupo britânico de ska The Specials, e “Blitzkreig Bop”, dos Ramones. Os álbuns serão lançados em 15 de novembro. O material inédito que irá compor os discos está disponível para audição no site revista britânica Uncut.

 

Abaixo você confere os relançamentos:

Global A Go-Go (CD e vinil duplo)

 

‘Johnny Appleseed’

 ‘Cool ‘N’ Out’

 ‘Global A GO-GO’

 ‘Bhindi Bhagee’

 ‘Gamma Ray’

 ‘Mega Bottle Ride’

 ‘Shaktar Donetsk’

 ‘Mondo Bongo’

 ‘Bummed Out City’

 ‘At The Border, Guy’

 ‘Minstrel Boy’

 ‘Bindee Bhagee (Live from the Acton concert) [somente no CD]

 

Streetcore (CD e vinil)

 

‘Coma Girl’

 ‘Get Down Moses’

 ‘Long Shadow’

 ‘Arms Aloft’

 ‘Ramshackle Day Parade’

 ‘Redemption Song’

 ‘All In A Day’

 ‘Burnin’ Streets’

 ‘Midnight Jam’

 ‘Silver And Gold’

 ‘The Harder They Come’ (live) (B-side to Coma Girl) [somente no CD]

 ‘Rudi, A Message To You’ (live) (B-side to Coma Girl) [somente no CD]

 ‘Blitzkreig Bop’ (live) (B-side of Coma Girl) [somente no CD]

 ‘Yalla Yalla’ (live) (B-side to Coma Girl) [somente no CD]

 ‘Armagideon’ Time (B-side to Redemption Song) [somente no CD]

 ‘Pressure Drop’ (B-side to Redemption Song) [CD Only]

 ‘Junco Partner’ (from Hellcat Give Em The Boot IVcompilation) [somente no CD]

Joe Strummer: hoje e sempre

Joe Strummer (Foto: Bob Gruen)

 

“Uma banda é a química entre os integrantes. Essa é a lição que todos devem aprender: não bagunce isso”, diz Joe Strummer ao segurar as lágrimas no final do documentário Westway To The World, que narra a trajetória da banda britânica The Clash. O rico legado deixado por seu antigo grupo sempre foi um motivo de orgulho.

Nesta terça-feira, o músico completaria 60 anos. Se o rock possui diversos nomes fundamentais, certamente Joe Strummer está entre eles. No último final de semana, o evento “Strummer Of Love” prestou homenagem ao ex-líder do Clash, com direito a presença de seu correligionário Mick Jones.

Para um fã como eu, falar sobre Joe é assunto sério, que rende texto e muito difícil de resumir em um simples post. Mas, como não poderia deixar esta data passar, resolvi dedicar algumas palavras ao músico. Me acompanhe, por favor.

 

The Clash

 

No período em que esteve à frente do Clash, Joe Strummer trabalhou duro. Participou diretamente do movimento punk na Inglaterra e escreveu letras que dialogavam com a juventude da época. Além disso, foi peça fundamental para que a discografia do Clash figurasse entre as mais importantes. Acredite, ela é boa de doer.

Se o homônimo disco de estreia integra o famoso estilo ‘punk 77’ – mas mesmo assim ainda foi capaz de trazer uma bela releitura para o clássico jamaicano “Police And Thieves” – Given’ Enough Rope, o segundo álbum, é uma aula de rock, recheado de momentos Chuck Berry.

Já London Calling, considerado um dos melhores discos da história do rock, é coisa fina. Se a capa traz referências de Elvis Presley, o conteúdo tem jazz, rockabilly, ska, reggae e Phil Spector. Sério. A arte de experimentar ficou ainda mais forte no politizado Sandinista!, gravado na Jamaica. O projeto é mais ousado que o anterior e mistura dub e outros ritmos caribenhos à praia do Clash.

Mesmo com o sucesso comercial do Combat Rock, o Clash passava por uma crise interna. O álbum que deu ao mundo canções poderosas como “Straight to Hell” e “Know Your Rights”, além das conhecidas “Should I Stay Or Should I Go” e “Rock The Casbah”, infelizmente significou o ‘começo do fim’ do grupo.

 

O pós-Clash

 

Após o Clash Joe Strummer idealizou diversos projetos, de trilhas sonoras para filmes até atuações no cinema. Mas foi na década de 90 que o músico voltou aos palcos em alto nível, desta vez à frente dos Mescaleros. No entanto, em 2002, um problema fulminante no coração fez a voz de Joe silenciar para sempre. Fato que ainda lamentamos.

De acordo com uma entrevista da artista e jornalista Caroline Coon, concedida à NME, amiga muito próxima dos integrantes do Clash, Joe Strummer chegou a pensar em reformular a banda. No entanto, dias depois os Sex Pistols voltaram. Joe desistiu da ideia por não querer pegar ‘carona’ na reedição do grupo de Johnny Rotten.

Para os fãs de do músico, a cerimônia do Hall da Fama do Rock, realizada em 2003, foi especial. Além da merecida homenagem, o evento foi encerrado com uma bela versão para “London Calling” feita por um supergrupo formado por Bruce Springsteen, Elvis Costello e Dave Grohl.

Fica difícil imaginar como Joe Strummer estaria aos 60 anos. Talvez lançando discos e compondo. O que se pode dizer é que seria bom tê-lo na música atualmente, claro, Entretanto, a única certeza é que suas composições irão influenciar e emocionar gerações – como ocorreu com nomes como Bob Marley, John Lennon, Elvis Presley e James Brown, entre outros. Hoje e sempre.

Resumo musical da semana

Toma essa, Putin! Meninas do Pussy Riot lançam novo single

O coletivo feminista Pussy Riot, que teve três integrantes condenadas a dois anos de prisão nesta sexta-feira por “hooliganismo”, após invadir uma igreja ortodoxa para protestar contra o apoio dos religiosos ao governo de Vladmir Putin, acaba de lançar um novo single, chamado “Putin Lights Up the Fires”. O vídeo da canção foi editado pelo jornal inglês The Guardian. Diversos artistas já se manifestaram contra a sentença, na última semana foi a vez de Björk dedicar a música Declare Independência às meninas do grupo punk. Ao acompanhar todos esses acontecimentos acabei lembrando de um texto que escrevi aqui no blog, nesta semana, sobre as primeiras performances de Elvis Presley, que foram consideradas obscenas. Não tem jeito, o rock (e outras expressões artísticas em geral) sempre terá artistas dispostos a contestar algo. Free Pussy Riot!

 

A trilogia do Green Day

A banda pop punk (embora muitos não gostem deste termo, hehe) Green Day prepara o lançamento da trilogia ¡Uno!, ¡Dos! e ¡Tré!. Os álbuns chegam às lojas nos dias 25 de setembro, 23 de novembro e 15 de janeiro de 2013 (respectivamente). Nesta semana, o grupo divulgou a canção “Kill the DJ”, que vai integrar o disco ¡Uno!. A sonoridade mais funkeada foge um pouco do hardcore melódico que marcou outros trabalhos do grupo.

 

O dia em que o choro chorou… 

Um dos grandes mestres do choro, Altamiro Carrilho, morreu na última quarta-feira (15), aos 87 anos. O músico lutava contra um câncer e estava internado há 17 dias.  Ao longo de seus 70 anos de trajetória, o flautista lançou 112 álbuns e era capaz de mesclar referências de música clássica com ensinamentos de Pixinguinha. Além disso, foi extremamente importante para a divulgação do choro nos quatro cantos do planeta.

 

Quem sou eu? Pete Townshend!

Todo guitarrista que se preze um dia já tentou imitar a famosa virada de braço do lendário Pete Townshend. O incendiário ‘guitar hero’ do The Who irá lançar uma autobiografia, Who Am I, prevista para chegar às lojas no dia 11 de outubro. O trailer sobre o lançamento foi divulgado no site da revista Uncut. Resta saber se Pete Townshend irá explicar como inventou o tal gesto em sua autobiografia…

 

Parabéns, Madonna!

A rainha do pop completou 54 anos na última quinta-feira (16). Estou falando da Madonna, claro. Pois bem, a cantora que surgiu nos anos 80, se reinventou inúmeras vezes ao longo de sua carreira e soube envelhecer sempre preocupada em lançar novos trabalhos continua se apresentando em alto nível. Nós brasileiros teremos outra oportunidade para confirmar a boa forma da artista. Madonna chega ao Brasil em dezembro para uma série de shows no início de  janeiro – Rio de Janeiro (dia 2), São Paulo (dias 4 e 5) e Porto Alegre (dia 9). A seguir você confere uma das últimas performances polêmicas da musa.

 

Uma festa para celebrar Joe Strummer

A festa está chegando, minha gente. No próximo dia 21 de abril o lendário líder do Clash, Joe Strummer, completaria 60 anos. Para celebrar a data (e o ícone britânico), neste final de semana será realizado um show com inúmeras atrações, dentre elas o ex-Clash Mick Jones e os irlandeses do The Pogues. Nos próximos dias teremos uma singela homenagem aqui no blog também. Aguardem.

 

O sempre versátil John Frusciante

Não sei se já disse por aqui que acho o John Frusciante um excelente músico – e um dos melhores guitarristas da atualidade. Uma prova disso é que os álbuns mais interessantes dos Red Hot Chilli Peppers foram lançados no período no qual ele integrou o grupo. Nesta semana o guitarrista divulgou a faixa “Walls and Doors”, que fará parte do disco PBX Funicular Intaglio Zone, previsto para chegar às lojas em 25 de setembro. Sobre a música, John explica que está entre “produções dos anos 60 e 70 com estilos eletrônicos”. Acho que justifica. Ah, antes que eu me esqueça, a canção está disponível para download. Clique aqui.

Resumo musical da semana

Wallflowers e Mick “The Clash” Jones

A banda Wallflowers, liderada pelo filho do gênio Bob Dylan, Jakob Dylan, se prepara para lançar seu próximo disco, que irá se chamar Glad All Over (previsto para chegar às lojas em outubro). Nesta semana o grupo divulgou o vídeo do primeiro single do álbum, a canção “Reboot The Mission”, que traz a participação mais que especial do ex-Clash Mick Jones (embora o músico não apareça no clipe). Detalhe, repare que o Jakob também cita Joe Strummer na letra. Sobre o som, achei que lembra bastante Magnificent Seven, que integra o clássico álbum Sandinista!, do Clash.

 

O Madrid e sua canção triste

Li outro dia na Folha que o Madrid era um “projeto sério idealizado por ex-integrantes do Bonde do Rolê e do Cansei de Ser Sexy” (os anteriores eram brincadeira?). Não entendi, mas beleza. O fato é que este trabalho traz uma proposta mais melancólica em suas canções – o que talvez seja a grande diferença do CSS e do Bonde. No entanto, as músicas são perfeitas para dias cinzentos, até porque a gente não fica alegre sempre (Rá). Nesta semana, o Madrid divulgou o vídeo de “Sad Song” (olha só o título!), que ficou lindão em preto e branco. 

 

Rock latino de luto

Um dos principais responsáveis por misturar o rock dos Beatles e Stones com batidas latinas, o baterista uruguaio Osvaldo Fattoruso, faleceu no último domingo (29). O músico integrou o lendário Los Shakers, banda que chegou até a se aproximar do samba-rock de Jorge Bem. Dentre os grandes sucessos do grupo, destaque para “Never, Never”, que você confere a seguir.

 

A garota virou mulher

A canção sobre a garota que arrancou suspiros e inspirou Tom Jobim e Vinícius de Moraes completou 50 primaveras na última quinta-feira (2). O doce balanço que embala “Garota de Ipanema” talvez seja a canção que melhor traduz as maravilhas do Rio de Janeiro, como as praias e mulheres. Sem dúvida, trata-se de um grande clássico da música brasileira.

 

Zeca no Face

O versátil Zeca Baleiro lançou na última semana o vídeo da canção “Meu Amigo Enock”, outro belo single do ótimo Disco do Ano (modesto, né?), álbum que o músico lançou neste ano. A letra, assim como outras composições do disco, traz uma sacada muito interessante sobre os relacionamentos na era digital e, claro, não deixa de citar a rede social do momento, o Facebook.