Ferréz é uma das grandes vozes artísticas da periferia de São Paulo. Assim os versos dos Racionais MC’s são fundamentais para o rap nacional, as narrativas assinadas pelo escritor expõem a sensibilidade de uma literatura que nos faz refletir sobre a real situação de grande parte da população paulistana. Vale ressaltar, que a arte também deve ser compreendida como ferramenta de crítica, e fonte de empatia.
Há quase dez anos o autor escreveu a obra Amanhecer esmeralda, que aborda a trajetória de uma menina chamada Manhã, nascida na periferia. O livro ganhará reedição a ser lançada durante a FLIP (Feira Literária de Paraty), evento que começou nesta quarta-feira (30) – o relançamento do livro ocorrerá amanhã (31), na Casa Editora DSOP. Ao ser questionado sobre como seria a rotina da protagonista, caso a história fosse narrada hoje, o autor é certeiro: “com certeza eu não mudaria nada, nascem milhares de manhãs todas as semanas nas periferias”.
O motivo do relançamento, no entanto, tem nobre missão didática, pois a narrativa que transborda renovação e esperança tem sido utilizada em muitas escolas, mas se encontrava esgotada no mercado. A nova edição foi consolidada com a aproximação da editora Simone Paulino e ganhou ilustrações elaboradas pelo artista espanhol Rafael Antón – uma delas abre este texto.
Se a situação atual nos faz crer que (quase) não existe amor em SP, como o rapper Criolo certa vez cantou, por meio da arte, neste caso, a literatura, é possível ter pelo menos esperança. “Acho que vivemos um mundo mais triste ainda, com a coisa do consumismo e tal, mas creio também na mudança do ser humano”, diz Ferréz. Eu concordo.