Nas discussões que resgatam acontecimentos ocorridos em 2016, é quase unanimidade que o último ano golpeou duramente a música pop, considerando a quantidade de artistas que faleceram – entre os quais estão David Bowie, Prince e Leonard Cohen. Mas há músicos que seguem firmes em suas jornadas e adentraram 2017 combativos em relação ao tempo que nos consome, cujo conteúdo de suas obras é alicerce criativo e inspirador para artistas mais jovens: Iggy Pop e Patti Smith.
Patti subiu ao palco pela primeira vez à frente de uma banda na década de 1970, no momento em que uma cena marginal começava a moldar o que anos depois viria a ser o punk rock. Mesclou elementos de poesia à simplicidade e energia que marcavam a linguagem musical dessa nova vertente underground roqueira. No último dia 30 de dezembro, completou 70 anos (45 de carreira) e anunciou uma pequena turnê cujo repertório será justamente seu álbum de estreia, o ótimo Horses (1975).
Outro padrinho do punk rock, Iggy Pop começou sua trajetória no final dos anos 1960, liderando o grupo The Stooges, que apesar de não ter alcançado sucesso comercial influenciou os principais músicos do punk – de New York Dolls a The Clash, passando por Ramones e Buzzcocks, as cenas britânica e norte-americana beberam na fonte Stooges. Em 2016, lançou o álbum Post Pop Depression (2016), ao lado de artistas de grupos atuais como Queens Of The Stone Age e Arctic Monkeys, além de na última semana ter firmado parceria também com o DJ Danger Mouse.
Ambos desafiam o tempo. A relação dos trabalhos de Patti e Iggy, de densidade performático-poético, estabelece laços duradouros com as novas produções e gerações, escapando à liquidez problematizada por Bauman – que infelizmente faleceu no último dia 9 de janeiro –, uma vez que suas obras são fonte de inspiração constante para quem pisa no movediço campo da criação artística.