Do faroeste à escravidão, “Django Livre” é o novo acerto de Tarantino

Django (Jamie Foxx) e seu parceiro Dr. Schultz (Christoph Waltz), no recém-lançado “Django Livre”.
Django (Jamie Foxx) e seu parceiro Dr. Schultz (Christoph Waltz), no recém-lançado “Django Livre”. (Foto: Divulgação)

 

O cineasta Quentin Tarantino sempre deixou claro que em seu legado ainda existiam duas temáticas a serem abordadas: western (“filmes de faroeste”,) e escravidão. No recém-lançado Django Livre (Django Unchained), que chegou aos cinemas brasileiros na última sexta-feira (18), o diretor alcançou sua meta. E concebeu outro belíssimo filme.  

O longa explora a humilhação sofrida pelos negros nos tempos de escravidão – antes da Guerra Civil Americana – e traz como protagonista o escravo Django (Jamie Foxx), herói negro que emerge em um espaço geralmente ocupado por cowboys brancos. A narrativa começa quando Django tem sua liberdade decretada pelo bravo Dr. Schultz (Christoph Waltz), um caçador de recompensas que precisa da ajuda do ex-escravo para encontrar suas próximas vítimas.

A parceria entre Django e Schultz dá tão certo que eles decidem trabalhar em dupla. Comovido pela vontade do ex-escravo encontrar sua esposa (Kerry Williams), Schultz resolve ajudar Django a tirar sua amada das garras do fazendeiro Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), famoso por organizar lutas mortais entre escravos movidas pelas apostas feitas entre seus proprietários.

A maestria de Tarantino na direção fica evidente nos closes, promovidos por rápidos efeitos de zoom, que destacam o olhar dos personagens durante as cenas mais tensas. Já o roteiro oferece ao público momentos extremamente cômicos, como a discussão entre membros de uma espécie de pré-ku klux klan por conta dos buracos feitos em suas máscaras. Há também trechos extremamente devastadores, como a luta corporal entre dois escravos, obrigados a lutar entre si, e a sentença de morte cujo castigo é ser devorado por cães assassinos.

Django Livre, assim como outros trabalhos assinados por Tarantino, alterna cenas de violência bruta e comédia, com diálogos muito bem construídos e inteligentes. Impossível também não destacar a trilha sonora, fruto de uma pesquisa que fez o cineasta resgatar preciosidades folk, soul e hip-hop (confira uma das faixas no vídeo abaixo), que enriquecem demais as imagens.

O elenco é outra grande cartada de Tarantino em Django Livre. Jamie Foxx parece à vontade como protagonista da história, enquanto Leonardo DiCaprio e Samuel El Jackson dão vida a figuras vibrantes, que chegam a emanar prazer em seus atos de maldade.

Contudo, destaque mesmo é a incrível performance de Christoph Waltz, vencedor do prêmio de Melhor Ator Coadjuvante, no Globo de Ouro deste ano, e que deve faturar o segundo Oscar de sua carreira na mesma categoria, na edição deste ano da premiação. Não há dúvida de que Django Livre já faz parte do seleto rol de clássicos assinados por Quentin Tarantino.

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